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ANALISE – NINGUÉM EXPLICA DEUS (PRETO NO BRANCO)


Cristofilococus. Analise de Música

Teremos hoje uma análise da análise da música “Ninguém explica Deus” do Projeto Preto no Branco, postado pelo blog Calvinismo21. Inclusive, a intensidade das críticas e elogios, na época, aumentou quando a página Cante as Escrituras postou um texto apontando supostos erros da canção.


O texto em si é bem escrito e tem o formato ideal para páginas de internet, pois é sucinto e objetivo, mas isto não significa que esteja isento de falhas. Como menciona o Reverendo Augustus Nicodemus: “Mesmo os cristãos mais piedosos, podem cometer equívocos”, e o texto contém alguns erros o mais grave deles, que prejudica toda exposição crítica, está na base para os argumentos, ou seja, o pressuposto principal do texto é problemático.


O pequeno artigo gira em torno da ideia de que a canção “Ninguém explica Deus” literalmente transmite a ideia de que existe a impossibilidade de explicar algo sobre Deus, mas essa premissa é falha.


Essa imperfeição ocorre, pois ao construir o argumento central, o autor tem como base trechos isolados da canção, ele não se esforça para compreender a música levando em consideração o contexto e no que cada parte da canção implica em relação a toda composição.


O primeiro trecho criticado é:


Nada é igual ao Seu redor

Tudo se faz no Seu olhar

Todo o universo se formou no Seu falar


O principal ponto da crítica é: Todavia, há uma frase estranha aí: “tudo se faz no seu olhar”. Não é o que diz a Escritura. O relato bíblico da criação diz o que a próxima frase da canção afirmou: “Todo o universo se formou no Seu falar”. O motivo do autor ter afirmado que Deus fez algo através do seu olhar não podemos conhecer, mas a possível desculpa da “licença poética” não pode ser aplicada quando tal licença vai de encontro a Palavra revelada.


Resposta: O trecho em destaque não utiliza diretamente uma licença poética, pois de forma alguma o compositor afirma que Deus fez as coisas através do seu olhar, se fosse assim, a composição diria “Tudo se fez pelo seu olhar”, mas não é isso que a letra deste louvor ensina.


A peça musical afirma: “Tudo se faz no Seu olhar”, ou seja, quando as coisas foram feitas pela palavra de Deus, o Senhor olhava tudo, Deus observava cada árvore que nascia ao seu comando. Deus olhava estrela que cada se formava, pois, o Senhor é Onipresente (Sl.139.7-8; Jr 23.23-24). Deus observa tudo, Deus tudo vê.


Apenas o trecho seguinte: “Todo o universo se formou no Seu falar” aponta para Gênesis 1 e 2, onde Deus cria todo Universo através do seu falar.


O segundo trecho da crítica é:


Teologia pra explicar ou big bang pra disfarçar

Pode alguém até duvidar sei que há um Deus a me guardar


O autor da crítica afirma: “Confesso que não entendo bem a correlação entre a explicação teológica e a teoria do Bing Bang. Numa lida superficial, a impressão que tenho é que o trabalho da teologia é desqualificado. E isso é algo negativo”.


Resposta: Em momento algum o autor da música nega ou desqualifica o estudo da teologia, pelo contrário, o trecho destacado acima ensina que a teologia é uma área do conhecimento que explica Deus “Teologia pra explicar”, em contra ponto, a teoria do Big Bang é a área do conhecimento que tenta ocultar Deus “big bang pra disfarçar”. O autor continua: “Pode alguém até duvidar”, mesmo que as pessoas duvidem em relação a Deus, isso não irá abalar a fé do interlocutor, pois ele sabe que Deus o guarda “sei que há um Deus a me guardar”.


Não só essa canção, mas todo tipo de escrito não pode ser lido de forma superficial, e este parece ser um erro do autor da crítica, ler a canção sem a dedicação necessária.


Inclusive, o Yago Martins postou um vídeo de apoio ao o artigo aqui criticado. O vídeo é bem simples e faz mais analises sobre a música “Ninguém explica Deus”. O problema é que aos 4:38 fica claro que o autor deste vídeo também não tem dado atenção devida ao assunto, pois ele afirma que a composição diz: “A teologia para disfarçar, Big Bang pra explicar”, trecho inexistente na canção original.


Outro ponto analisado é este:


E eu tão pequeno e frágil querendo Sua atenção

No silêncio encontro resposta certa então

Dono de toda ciência, sabedoria e poder

Oh dá-me de beber da água da fonte da vida

Antes que o haja houvesse Ele já era Deus

Se revelou ao seus do crente ao ateu

Ninguém explica Deus

O autor do texto crítico comenta: “Aqui se evidencia um equívoco que já é perceptível no título da música: Como assim ninguém explica Deus? Se temos um Deus que se revela, podemos explicá-lo de acordo com o conteúdo revelado. Na própria música há proposições que são oriundas da visão do Deus criador, visão que se extraiu da Bíblia”.


Resposta: Em nenhum momento a música diz que Deus é inexplicável através da revelação (Bíblia), e o ponto central disso ocorre quando a própria canção traz ensinos bíblicos sobre Deus.


Para supor que o autor da música nega que Deus seja explicável, mesmo trazendo ensinamentos bíblicos sobre Deus dentro da canção como: "Antes que o haja houvesse Ele já era Deus", temos duas opções, ou o autor é um esquizofrênico ou ao escrever essa canção, não cometeu o erro que o crítico tenta demonstrar em seu artigo, a saber, a impossibilidade de explicar Deus. A segunda opção é a mais provável.


No final, o coro é criticado:

Ninguém explica

Ninguém explica Deus

Ninguém explica

Ninguém explica Deus

ou se dúvida ou se acredita

Ninguém explica

Ninguém explica Deus


Segue a última crítica: “Aqui temos a tão conhecida repetição das canções evangélicas contemporâneas. E o pior: repete-se a parte problemática... Esta é a fé cristã, meus irmãos. Se não podemos explicar isso, não podemos dizer que os hindus estão errados ao cultuar milhares de deuses, e nem afirmar que os panteístas (que dizem que Deus está contido na natureza) estão equivocados”.


Resposta: É claro que o autor dessa composição não ensina a impossibilidade de explicar Deus, e isto é perceptível se toda vez que lemos ou cantamos “Ninguém explica Deus”, levarmos em consideração tudo que o autor fala sobre Deus.


“Todo o universo se formou no Seu falar” - Deus é tão grande e poderoso que formou todo Universo” (Gn.1 e 2).


“E eu tão pequeno e frágil querendo Sua atenção” – Somos minúsculos diante da majestade de Deus, e mesmo assim tem algo em nós que o deseja (Sl.77:13-14 – Ec.3:11).


“Dono de toda ciência, sabedoria e poder” – Deus é o autor da ciência e da própria sabedoria, e todo poder é do Senhor (Pv.8:12-31).


“Antes que o haja houvesse, Ele já era Deus, Se revelou ao seus” – Deus existe mesmo antes de tudo, e se revelou aos eleitos (Sl.90:2).


“Se revelou aos seus do Gentil ao Judeu, Se revelou aos seus do crente ao ateu” – Deus é dono de todos, pois ele criou todos os homens, e se revela através da revelação natural e de sua revelação especial (Hb.1:1;2 – Rm.1:18-32 – Rm.2:14-15).


O autor deste louvor não ensina que existe uma incapacidade de explicar Deus, ele apenas transmite a ideia de que Deus não pode ser conhecido em sua totalidade, mas revelou as proposições, informações e verdades necessárias para que os eleitos tenham um relacionamento pessoal Dele, e para que os réprobos sejam indesculpáveis diante Dele.


Para os eleitos, Deus revelou-se através da revelação especial (Hb.1:1-2 – Gl.1:11-12 - 2Tm.3:16 - 2Pe.1:19-21), que é a revelação sobrenatural de Deus através da qual o pecador toma conhecimento do plano de Deus para resgata-lo, e o ápice dessa revelação ocorre em Jesus Cristo. Essa revelação foi registrada na Bíblia.


Já para os réprobos, Deus revelou aquilo que é necessário para que estes sejam indesculpáveis diante de Deus. Este tipo de revelação é conhecida como geral, e ocorre através da natureza e da lei moral no coração humano (Sl.19:1-4 – At.17:26-27 – Rm.1:18-32 – Rm.2:14-15). Essa forma de revelação não é suficiente para salvar, porque não revela o evangelho, mas é suficiente para condenar justamente os homens.


Ao expor um dos maiores escopos da teologia cristã, o Apóstolo Paulo afirma:


Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:33-36).


Está maravilhosa conclusão ensina que mesmo após toda uma exposição daquilo que Deus nos revelou na Escritura é impossível descrever, explicar ou conhecer Deus em sua totalidade, Deus é incompreensível (Jó 11.7 - Isaías 40.18) e, contudo é cognoscível.


A teologia reformada sustenta que ao homem é impossível ter um conhecimento exaustivo e perfeito de Deus, e é isso que a canção “Ninguém explica Deus” ensina.

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