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ANALISE – NINGUÉM EXPLICA DEUS (PRETO NO BRANCO)

  • Higor Crisostomo
  • 14 de nov. de 2016
  • 6 min de leitura

Cristofilococus. Analise de Música

Teremos hoje uma análise da análise da música “Ninguém explica Deus” do Projeto Preto no Branco, postado pelo blog Calvinismo21. Inclusive, a intensidade das críticas e elogios, na época, aumentou quando a página Cante as Escrituras postou um texto apontando supostos erros da canção.


O texto em si é bem escrito e tem o formato ideal para páginas de internet, pois é sucinto e objetivo, mas isto não significa que esteja isento de falhas. Como menciona o Reverendo Augustus Nicodemus: “Mesmo os cristãos mais piedosos, podem cometer equívocos”, e o texto contém alguns erros o mais grave deles, que prejudica toda exposição crítica, está na base para os argumentos, ou seja, o pressuposto principal do texto é problemático.


O pequeno artigo gira em torno da ideia de que a canção “Ninguém explica Deus” literalmente transmite a ideia de que existe a impossibilidade de explicar algo sobre Deus, mas essa premissa é falha.


Essa imperfeição ocorre, pois ao construir o argumento central, o autor tem como base trechos isolados da canção, ele não se esforça para compreender a música levando em consideração o contexto e no que cada parte da canção implica em relação a toda composição.


O primeiro trecho criticado é:


Nada é igual ao Seu redor

Tudo se faz no Seu olhar

Todo o universo se formou no Seu falar


O principal ponto da crítica é: Todavia, há uma frase estranha aí: “tudo se faz no seu olhar”. Não é o que diz a Escritura. O relato bíblico da criação diz o que a próxima frase da canção afirmou: “Todo o universo se formou no Seu falar”. O motivo do autor ter afirmado que Deus fez algo através do seu olhar não podemos conhecer, mas a possível desculpa da “licença poética” não pode ser aplicada quando tal licença vai de encontro a Palavra revelada.


Resposta: O trecho em destaque não utiliza diretamente uma licença poética, pois de forma alguma o compositor afirma que Deus fez as coisas através do seu olhar, se fosse assim, a composição diria “Tudo se fez pelo seu olhar”, mas não é isso que a letra deste louvor ensina.


A peça musical afirma: “Tudo se faz no Seu olhar”, ou seja, quando as coisas foram feitas pela palavra de Deus, o Senhor olhava tudo, Deus observava cada árvore que nascia ao seu comando. Deus olhava estrela que cada se formava, pois, o Senhor é Onipresente (Sl.139.7-8; Jr 23.23-24). Deus observa tudo, Deus tudo vê.


Apenas o trecho seguinte: “Todo o universo se formou no Seu falar” aponta para Gênesis 1 e 2, onde Deus cria todo Universo através do seu falar.


O segundo trecho da crítica é:


Teologia pra explicar ou big bang pra disfarçar

Pode alguém até duvidar sei que há um Deus a me guardar


O autor da crítica afirma: “Confesso que não entendo bem a correlação entre a explicação teológica e a teoria do Bing Bang. Numa lida superficial, a impressão que tenho é que o trabalho da teologia é desqualificado. E isso é algo negativo”.


Resposta: Em momento algum o autor da música nega ou desqualifica o estudo da teologia, pelo contrário, o trecho destacado acima ensina que a teologia é uma área do conhecimento que explica Deus “Teologia pra explicar”, em contra ponto, a teoria do Big Bang é a área do conhecimento que tenta ocultar Deus “big bang pra disfarçar”. O autor continua: “Pode alguém até duvidar”, mesmo que as pessoas duvidem em relação a Deus, isso não irá abalar a fé do interlocutor, pois ele sabe que Deus o guarda “sei que há um Deus a me guardar”.


Não só essa canção, mas todo tipo de escrito não pode ser lido de forma superficial, e este parece ser um erro do autor da crítica, ler a canção sem a dedicação necessária.


Inclusive, o Yago Martins postou um vídeo de apoio ao o artigo aqui criticado. O vídeo é bem simples e faz mais analises sobre a música “Ninguém explica Deus”. O problema é que aos 4:38 fica claro que o autor deste vídeo também não tem dado atenção devida ao assunto, pois ele afirma que a composição diz: “A teologia para disfarçar, Big Bang pra explicar”, trecho inexistente na canção original.


Outro ponto analisado é este:


E eu tão pequeno e frágil querendo Sua atenção

No silêncio encontro resposta certa então

Dono de toda ciência, sabedoria e poder

Oh dá-me de beber da água da fonte da vida

Antes que o haja houvesse Ele já era Deus

Se revelou ao seus do crente ao ateu

Ninguém explica Deus

O autor do texto crítico comenta: “Aqui se evidencia um equívoco que já é perceptível no título da música: Como assim ninguém explica Deus? Se temos um Deus que se revela, podemos explicá-lo de acordo com o conteúdo revelado. Na própria música há proposições que são oriundas da visão do Deus criador, visão que se extraiu da Bíblia”.


Resposta: Em nenhum momento a música diz que Deus é inexplicável através da revelação (Bíblia), e o ponto central disso ocorre quando a própria canção traz ensinos bíblicos sobre Deus.


Para supor que o autor da música nega que Deus seja explicável, mesmo trazendo ensinamentos bíblicos sobre Deus dentro da canção como: "Antes que o haja houvesse Ele já era Deus", temos duas opções, ou o autor é um esquizofrênico ou ao escrever essa canção, não cometeu o erro que o crítico tenta demonstrar em seu artigo, a saber, a impossibilidade de explicar Deus. A segunda opção é a mais provável.


No final, o coro é criticado:

Ninguém explica

Ninguém explica Deus

Ninguém explica

Ninguém explica Deus

ou se dúvida ou se acredita

Ninguém explica

Ninguém explica Deus


Segue a última crítica: “Aqui temos a tão conhecida repetição das canções evangélicas contemporâneas. E o pior: repete-se a parte problemática... Esta é a fé cristã, meus irmãos. Se não podemos explicar isso, não podemos dizer que os hindus estão errados ao cultuar milhares de deuses, e nem afirmar que os panteístas (que dizem que Deus está contido na natureza) estão equivocados”.


Resposta: É claro que o autor dessa composição não ensina a impossibilidade de explicar Deus, e isto é perceptível se toda vez que lemos ou cantamos “Ninguém explica Deus”, levarmos em consideração tudo que o autor fala sobre Deus.


“Todo o universo se formou no Seu falar” - Deus é tão grande e poderoso que formou todo Universo” (Gn.1 e 2).


“E eu tão pequeno e frágil querendo Sua atenção” – Somos minúsculos diante da majestade de Deus, e mesmo assim tem algo em nós que o deseja (Sl.77:13-14 – Ec.3:11).


“Dono de toda ciência, sabedoria e poder” – Deus é o autor da ciência e da própria sabedoria, e todo poder é do Senhor (Pv.8:12-31).


“Antes que o haja houvesse, Ele já era Deus, Se revelou ao seus” – Deus existe mesmo antes de tudo, e se revelou aos eleitos (Sl.90:2).


“Se revelou aos seus do Gentil ao Judeu, Se revelou aos seus do crente ao ateu” – Deus é dono de todos, pois ele criou todos os homens, e se revela através da revelação natural e de sua revelação especial (Hb.1:1;2 – Rm.1:18-32 – Rm.2:14-15).


O autor deste louvor não ensina que existe uma incapacidade de explicar Deus, ele apenas transmite a ideia de que Deus não pode ser conhecido em sua totalidade, mas revelou as proposições, informações e verdades necessárias para que os eleitos tenham um relacionamento pessoal Dele, e para que os réprobos sejam indesculpáveis diante Dele.


Para os eleitos, Deus revelou-se através da revelação especial (Hb.1:1-2 – Gl.1:11-12 - 2Tm.3:16 - 2Pe.1:19-21), que é a revelação sobrenatural de Deus através da qual o pecador toma conhecimento do plano de Deus para resgata-lo, e o ápice dessa revelação ocorre em Jesus Cristo. Essa revelação foi registrada na Bíblia.


Já para os réprobos, Deus revelou aquilo que é necessário para que estes sejam indesculpáveis diante de Deus. Este tipo de revelação é conhecida como geral, e ocorre através da natureza e da lei moral no coração humano (Sl.19:1-4 – At.17:26-27 – Rm.1:18-32 – Rm.2:14-15). Essa forma de revelação não é suficiente para salvar, porque não revela o evangelho, mas é suficiente para condenar justamente os homens.


Ao expor um dos maiores escopos da teologia cristã, o Apóstolo Paulo afirma:


Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:33-36).


Está maravilhosa conclusão ensina que mesmo após toda uma exposição daquilo que Deus nos revelou na Escritura é impossível descrever, explicar ou conhecer Deus em sua totalidade, Deus é incompreensível (Jó 11.7 - Isaías 40.18) e, contudo é cognoscível.


A teologia reformada sustenta que ao homem é impossível ter um conhecimento exaustivo e perfeito de Deus, e é isso que a canção “Ninguém explica Deus” ensina.

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