ARISTÓTELES E A JUJUBA
- Gabriel Miranda de Souza
- 17 de nov. de 2016
- 2 min de leitura

No sábado dia 8 de outubro de 2016, estava a família toda em casa, e como não tínhamos nada para fazer resolvemos brincar de “desafio da jujuba”. Essa brincadeira consiste em vendar os olhos do outro e dar uma jujuba para este e somente pelo paladar descobrirmos o sabor ou a cor da jujuba. Foi muito legal, até porque eu sou apaixonado por jujuba; posso comer um saco 1kg sozinho tranquilamente. E no desfecho do jogo eu fui o vitorioso, mas comi jujuba pra caramba e foi uma delícia.
Com isso fui remetido ao pensamento aristotélico que nos ensina que o conhecimento se dá através dos sentidos, ou seja, só conhecemos aquilo que sentimos e não nascemos com nenhum conhecimento apenas com a faculdade de conhecer. Sendo assim, nascemos com a potência de conhecer, mas não com o conhecimento em ato. Ao conhecer alguma coisa não conheceríamos a sua cor e sabor, mas por meio destes. E foi esse conhecimento que me permitiu ganhar a competição gourmet.
Todavia esse ensino aristotélico possui um problema grande, pois se eu atesto que o conhecimento se dá de forma sensível eu tenho que, necessariamente, negar que os sentidos possam nos enganar, ou seja, tenho que afirmar categoricamente que os nossos sentidos são, em suma, perfeitos e não corrompidos nem enganosos. Caso venhamos a admitir tal fragilidade nesse conhecimento, tudo aquilo que conhecemos fica comprometido a um julgamento que consiste em afirmar “por que eu posso confiar nesse conhecimento se o meio de o adquiri-lo é falho?”.
Mas de fato os sentidos nos enganam e pude constatar isso através da brincadeira, pois não acertei nenhuma vez em que me deram a jujuba rosa que é a de morango, sempre a confundia com todas as outras, mas também devo levar em conta que já estava com uma variedade de sabores totalmente surtidos impregnado em meu paladar, todavia não seria uma refutação da refutação porque eu conseguia adivinhar as outras tranquilamente. O que acontece é que o sentido próprio do paladar me concedeu um conhecimento errôneo acerca da jujuba rosa, ou seja eu não a conhecia realmente, não através do paladar, mas o visual ainda estava por ser compreendido.
Com isso pude perceber que nem sempre um filosofo renomado acerta em suas asseverações, mas que também ele nem sempre está errado em suma. E aprendi também que não podemos confiar cegamente, nem pura e simplesmente, em nós mesmos e em nossos próprios conhecimentos, pois assim como somos falhos nossos conhecimentos também o são, a queda do homem afetou nosso discernimento e nossas faculdades de uma forma irreversível, terrenamente falando. O único que perfeito em conhecimento e sabedoria é o SENHOR e sua misericórdia é tamanha que Ele nos concede uma parcela dessa sabedoria para lidarmos com os problemas do dia a dia. Quantos ensinamentos tiramos de uma brincadeira aparentemente boba. Mas tudo que fazemos deve ser feito para a gloria de Deus, dessa forma até nossas brincadeiras devem ser feitas nesse sentido. Por isso que amo esses momentos em família, a sabedoria emana desses fremes de risos e sabores.
Que coisa louca, Aristóteles sendo refutado com uma jujuba.
Comentários